Aos 19 anos, Mauricio de Sousa aprendeu as artimanhas de um jornal diário e começou a desenhar as primeiras tirinhas. O “vírus” do jornalismo, como brinca o cartunista, lhe ensinou concisão e lhe deu objetividade para criar personagens que seriam amigos de toda uma geração.
Publicados em 126 países, os gibis da Turma da Mônica ganharam outro formato, que ele carinhosamente chama de “mangá caboclo”. A nova fase da turma desagradou à parte do público, mas a resistência teve dias contados, principalmente com a gurizada. Os novos quadrinhos fizeram sucesso, bateram recorde em vendas, com 400 mil exemplares ao mês, e continuam interessando crianças e adolecentes.
Pergunta – Como foi mudar o estilo dos personagens da Turma da Mônica?
Maurício de Sousa – Ninguém acreditava, só minha mulher, diretora do estúdio, e eu. Tenho um serviço de recenseamento para esse trabalho. Não havia conseguido convencer as pessoas. Os empresários não queriam mexer em algo que dava sucesso. O resultado foi acima das expectativas. As crianças ficaram ligadas na turma jovem, os adultos voltaram a ler, os jovens leem para checar, metem o pau e continuam comprando. É a vitória.
Pergunta – Qual o segredo da amizade entre Cebolinha, Mônica, Cascão, Magali, Franjinha e Bidu ?
Sousa – A Turma da Mônica tem pai e mãe, que sou eu. Cuido da roupa, do palavreado, do que fazem. Exatamente o que faço com meus filhos. As pessoas sentem que há personagens vivos, com alegrias e frustrações.
Pergunta – Que novos personagens podemos esperar para as próximas revistas?
Sousa – Virá uma família de negros. Agora estamos buscando nomes. Também estamos estudando incluir uma criança adotada. Mas tudo bem leve. Não é para fazer drama ou suspense, nem levar uma mensagem pesada. Temos a preocupação de passar informação como fazemos com nossos filhos.
Pergunta – As crianças dão pitaco nas histórias?
Sousa – As crianças mandam cartas para os personagens e sugerem tramas. Se a criançada fala com os personagens, o jovem fala com o Mauricio por Orkut, Twitter. Critica, manda que faça isso e não aquilo. Estamos atendendo bastante o público. A Mônica jovem é feita de forma interativa com o público. Estou aprendendo com essas novas ferramentas da internet. Temos uma bússola do que está acontecendo para não errar.
Pergunta – Qual o próximo sonho?
Sousa – Tentar ajudar um pouquinho nosso país, onde metade das crianças tem pré-escola e outra metade, não. Estamos nos preparando para colocar tudo que nós fazemos: desenhos, revistas, livros com o viés da educação. Já fazemos isso na China com um projeto de pré-alfabetização, e vamos repetir no Brasil. Como todo mundo tem TV, quero fazer desse meio uma escolinha. A partir do ano que vem, vou inaugurar a década da educação da Turma da Mônica. O Ministério da Cultura vai nomear a Mônica embaixadora da cultura. Estou armando uma grade para que, nos próximos 10 anos, possamos fazer um trabalho monumental.
Fonte: Site e TM Maníacos!
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