terça-feira, 2 de agosto de 2011
Entrevista de Mauricio para o "Carta Capital"
Mauricio de Sousa, deu uma nova entrevista. Agora, para o site "Carta Capital", na coluna "Carta Fundamental", onde ele conta como adaptou a Turma da Mônica às novas formas de comunicação e aos comportamentos de crianças e jovens.
Carta Fundamental: O que mudou entre o leitor de Turma da Mônica há 40 anos e o de hoje?
Mauricio de Sousa: Bem, a criança está mais apressada em virar adolescente. Antigamente, atingia-se essa fase aos 14-15 anos. Hoje se é pré-adolescente com 8 anos e adolescente aos 10. Consequentemente, você tem de encarar que não podemos mais falar com garotos de 10 anos da maneira como falávamos. É como se fosse um pequeno adulto. Não dá mais para usar uma linguagem que remeta a castelinhos de fadas e princesinhas. Mostramos agora a realidade da vida numa formatação suavizada. E também sofisticaram-se as formas de comunicação, ela chega mais fácil. Então temos de sofisticar a informação e simplificar a comunicação.
CF: Qual foi o ponto da sua carreira em que você percebeu que tudo iria dar certo?
MS: Quando procurei a redação, eu o fiz para desenhar, mas não consegui. Havia vaga para reportagem policial da Folha, onde fiquei por cinco anos. Mas não esquecia os desenhos. Fiz amizade com os chefes do jornal e pedia a eles para me fornecerem todo o material de quadrinhos americanos, para estudá-los. Chegou um tempo em que eu achava que estava com informação suficiente para tentar alguma coisa. Fiz a minha série do Bidu e apresentei ao editor-chefe, que gostou. Virei só desenhista e passei a adaptar tudo o que eu estudava à realidade brasileira.
CF: Quais foram os artistas que inspiraram sua carreira?
MS: Foram muitos. Will Eisner foi meu -mestre na arte de ousar fazer quadrinhos sem a preocupação de respeitar uma lógica de criar sempre a mesma coisa. O personagem dele é sempre bem construído, mas as histórias viravam-no de cabeça para baixo. Havia histórias em que o personagem principal não aparecia. Eu recortava histórias do Eisner, era fanático. Depois tem outros: o Ferdinando (personagem criado por Al Capp-), que fazia uma sátira bem mordaz da sociedade americana por meio de um caipira, uma espécie de Chico Bento adulto. Outro era o quadrinista Tereré, que fazia a caricatura do Príncipe Valente. Havia também o Brucutu (do americano Vincent T. Hamlin), que me inspirou a criar o Piteco. Havia bom material gráfico na década de 1940 na Disney, embora esta fosse um pouco cor de rosa demais. E, posteriormente, houve Calvin e Haroldo (do americano Bill Waterson), que é a história em quadrinhos mais avançada do mundo. É a que eu gostaria de ter feito.
CF: Por quê?
MS: Sim, porque é moderno demais. Eu queria ter essa ideia, mas criaram antes (risos).
Para conferir a entrevista completa, cliquem aqui. E deem os créditos ao blog. =D
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